Ecossistemas Brasileiros: Fortaleza(CE) - Camocim(CE)

O conforto e o carinho que recebi em Fortaleza me acostumaram mal e foi difícil deixar tudo isso para trás e recomeçar a trip. Logo em Iparana (região metropolitana de Fortaleza), tive a sorte de encontrar uma moçada que tem "arregaçado as mangas" e faz muito pela natureza do Ceará. A Aquasis surgiu como uma evolução do Grupo de Estudos de Cetáceos da UFC e recentemente, conseguiram excelentes instalações no SESC de Iparana, onde fiquei mais um dia, para aprender um pouco mais sobre ecologia.

No dia seguinte parti enfim, e dei uma bela esticada até Paracuru, tudo pela areia. Este foi outro trecho em que o sol me castigou, pois a maré vazante está caminhando para a tarde e eu sou obrigado a pedalar no meio do dia. Ainda bem que a Nega estava "levinha", depois da ultima revisão e o vento não parava um instante de bater forte em minhas costas, quando muitas vezes, não precisava nem pedalar. Depois vieram quatro dias em praias deslumbrantes, onde eu não cansava de tirar fotos ou pegar jacarés. Muitas vezes eu deitava "peladão" e ficava tomando sol, me energizando! Passei por Cumbuco, Paracuru, Lagoinha, Fleicheiras, Mundaú, Baleia até Icaraí de Amontada.

 

Foram quase 150Km de muitas dunas, coqueirais e vegetação de restinga. A cada passada por uma ponta, outro momento de deslumbramento, com a paisagem que se descortinava. Não foi tudo um "mar-de-rosas" entretanto, pois entre Baleia e Icaraí, existem muitas pedras na areia, me obrigando a conduzir a Nega por cima das dunas, o que é muito desgastante. Tive que carregar a Nega praticamente o dia inteiro, para vencer o trecho de muita areia até Torrões. Chegar em Almofala com a maré, compensou todos os dissabores.

Em Almofala fica a última base do Projeto TAMAR que visitei nesta viagem. Mais uma vez fui muito bem recebido pela equipe e preciso agradecer as aulas sobre tartarugas e ao trabalho lindo que fazem em prol da biodiversidade e das tartarugas em particular. O TAMAR daqui, como todas as outras bases, tem peculiaridades que as diferenciam entre si. O interessante daqui é que eles monitoram uma região de alimentação, onde a produção pesqueira ocorre em currais de peixes, que acabam capturando muitas aruanãs, como são chamadas as tartarugas por aqui. Graças a atividade do TAMAR nestes 10 anos, a consciência ecológica dessa população aumentou bastante e de caçadores de tartarugas, passaram a seus maiores protetores. Oxalá consigamos levar este exemplo para todo o Brasil.

Não posso deixar de comentar sobre os pores-de-sol que presenciei. Todos os dias escalava dunas para conseguir as melhores posições para apreciar este belíssimo espetáculo. São momentos que estarão gravados em minha alma para todo o sempre. De Almofala parti em direção a Jeriquaquara, uma das praias mais bonitas do mundo. Neste dia pedalei mais de 100km, pois a maré me favoreceu e eu aproveitei a maré cheia para me posicionar bem, viajando pelo asfalto, para assim que a maré começasse a vazar, eu voltar para a praia. Eram 14 horas e eu já estava na areia, apreciando este litoral mais que maravilhoso. Cansado, claro, pois o sol não perdoa um minuto e, nas praias, é difícil haver sombras onde se possa abrigar.

As 17 horas, cheguei à Pedra Furada e, justamente por causa do cansaço, tomei uma decisão que eu iria me arrepender: seguir por cima das pedras ao invés de ir pelo serrote. Foram mais de 3 horas, subindo e descendo pedras e pequenas dunas, que me arrebentaram e acabaram, sem dúvida, judiando um pouco da Nêga.

Fiquei dois dias em Jeri para descansar e rever os amigos que tenho por lá. Parti com o coração despedaçado, pois é um lugar realmente especial, com uma energia mágica. Espero que da próxima vez que voltar ainda seja assim. Segui pela praia até Camocim e a Nêga começou a apresentar um problema previsível, mas que eu imaginara acontecer mais para a frente. Devido ao desgaste excessivo das coroas grande e média, a corrente não tracionava mais, pulando ao ser exigida. Tentei consertar por lá mas não encontrei as peças e por isso tive que pedalar apenas com a coroa menor.


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