Ecossistemas Brasileiros: Maceió (AL) - Natal (RN)

Parti de Maceió pelo asfalto, aproveitando que a maré só começaria a descer as 15:00hs, para atingir a Barra de Santo Antonio. Foi delicioso pedalar pela areia de praias como a do Carro Quebrado, com falésias de dezenas de metros de altura. Estava ficando tarde e " eu passei sebo nas canelas"; para atingir a Barra do Camaragibe antes que escurecesse. Até que eu consegui, mas acontece que caiu a maior tempestade e o canoeiro que faria a travessia para o outro lado da barra não conseguia me ver. Desisti de esperar e, esgotado, montei minha barraca ali mesmo, debaixo de um vendaval. Para dormir, tirei toda a roupa e entrei em meu saco-de-dormir.

Ponta dos Três Irmãos – Ponta dos Três Irmãos (RN)

Acordei como um neném, pois o saco-de-dormir estava encharcado, com a água quentinha. Foi preciso muita coragem para sair dali e encarar o forte vento de Leste, que continuava a soprar, trazendo muita chuva.

Depois foi mamão-com-açúcar, pois atravessei com um pescador e logo estava pedalando em direção a Maragogi (AL). Ali, tive a oportunidade de conhecer as piscinas naturais, que ficam 7 Km mar adentro, em um passeio de barco inesquecível.

Entrei em Pernambuco, e como sempre estava chovendo. Tive que baixar a bola e seguir pelo asfalto mesmo. Revi paisagens maravilhosas em Tamandaré e Porto de Galinhas, além dos vários amigos que havia feito em 99.

Morro do Careca – Ponta Negra (RN)

Depois de um merecido descanso em Porto de Galinhas, em uma pousada maravilhosa, parti pelo asfalto para Calhetas e Cabo de Santo Agostinho, que com certeza entrarão em minha lista das mais-mais. Parti de Gaibu com muito sol; e fui pela areia da praia, bater nas costas de Recife, depois de uma semana deliciosa. Não que não tenham havido contratempos, mas fiquei com a sensação de que nada me abalava. Parti de Recife em Ilha de Itamaracá com o objetivo de atravessar para a Corôa do Avião pelo Mangue Seco. Foram quase 3km com a água na altura da canela e meu coração batendo a mil. No meio da travessia tive que improvisar uma palestra para 1/2 centena de nativos que coletavam mariscos. Segui pela areia da praia por toda a extensão da ilha e ainda quando voltei para o continente até atingir a divisa com a Paraíba, em Carne de Vaca. Dormi muito bem, a 20metros da linha da maré, em minha barraca. No dia seguinte após a longa travessia, já estava na Paraíba e seguindo por uma estrada de terra, muito enlameada, para voltar para praia em Pitimbu. Consegui atingir a praia de Tambaba famosa praia de nudismo e de lá asfalto novinho até a Ponta do Seixas, onde dormi na rede, em um depósito de bebidas. No dia seguinte cruzei João Pessoa e segui para Lucena.

Como estava me sentido cansado, não titubiei em aceitar um convite para uma cervejada na casa de um casal muito simpático e tomei o maior piléque, não sem antes lavar as roupas, a Nega e atualizar todos os dados. Parti pela manhã, com o corpo descansado, mas a cabeça pesada. Este foi o dia mais aventureiro da viagem, quando percorri praias, trilhas íngremes, cruzei manguezais e barras e até tive que ajudar a remar numa travessia com maré difícil por causa de uma forte correnteza. Apesar da muita adrenalina que correu em minha veias, escapei ileso ou quase, pois na travessia do rio Camaratuba, com a Nega nos braços, fiz vários cortes no pé ao pisar sobre ostras que estavam escondidas na areia. Em mais um dia glorioso, apesar do dia nublado e com vários momentos de chuva, consegui atingir a Baía Formosa, já no Rio Grande do Norte, um dos lugares mais espetaculares que já vi. Onde se vêm golfinhos de verdade. Depois de fazer hora para esperar a vazante da tarde, atingi a Barra do Cunhaú, onde fiquei por mais um dia, cuidando da Nega e do meu pé, na pousada de mais um irmão que havia conhecido em Salvador cerca de um mês antes. Foi muito bom Natal! Fiz novas amizades e apareci na TV exatamente da forma como acho mais legal, como desbravador bem preparado.


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