Se Arraial do Cabo (RJ) tinha sido o lugar mais bonito da viagem, ela perdeu o lugar para todo o trecho entre Prado e Curuípe (BA). Alternei trechos pela areia e pelas falésias para fazer mais fotos e conhecer cada vez mais este Brasil maravilhoso. Aliás, o local do descobrimento continua tão bonito quanto em 1500. Precisando descansar parei quase uma semana andando pouco, e dormindo e comendo muito. Em Ilhéus tive a satisfação de conhecer o diretor de uma ONG muito conceituada, e sua família. Passei uma noite em seu apartamento e no dia seguinte fomos para um sítio lindo que eles têm no alto da Serra Grande. Lá fiquei dois dias lavando e revisando todo o equipamento. Chegando a Itacaré, local onde guardo excelentes recordações de minha viagem anterior, acabei ficando mais um dia para rever tantos amigos que fiz por aqui.
Após tanta tranqüilidade minha viagem está começou a ficar até chata, por isso vou procurei sarna para me coçar. Aproveitando a maré baixa, parti pela areia às 4 horas da manhã com o objetivo de atingir as ilhas Boipeba e Tinharé por trilhas e canoas. Não foi fácil, mas conheci lugares e mesmo trilhas fantásticas. O tempo estiou de vez e por vários dias o céu esteve azul e o sol brilhando o tempo todo. Cheguei a pensar que o inverno tinha ido embora...
Em todos os dias acordei muito cedo, por isso tive a sorte de assistir ao nascer do sol mais lindo que Deus já fez. De Itacaré foram 50km de praia e muita água de coco Dormi em Barra Grande, de onde atravessei para Camamu no primeiro barco. De lá, tive que seguir pela pista até Cairu, onde começa uma estrada de chão que leva a Barra do Carvalho. Estes últimos 18 km foram simplesmente extenuantes e cheguei na Barra quase me arrastando (dormi das 16 às 5h). De lá peguei o barco para Cova da Onça, enseada belíssima no extremo sul da ilha de Boipeba. Quando deixei as trilhas e entrei finalmente na praia onde eu poderia pedalar direto até Guarapua , e então decidir se seguiria no mesmo dia até Morro de São Paulo, o pneu dianteiro pocou (perdeu a forma) e eu perdi a maré tentando consertar. Este foi outro dia extenuante, percorri apenas 25km em sua grande maioria ao lado da bike. No dia seguinte a surpresa, chovia muito. Entrou outra tempestade de sul. Como fiquei dois dias sem lavar a bike corri para botá-la na chuva. Acertei uma carona com um tratorista que me deixou a 4km pela praia de Morro de São Paulo.
Cheguei empurrando a bike para reencontrar outro grande amigo que fiz em 1999. De Morro de São Paulo e atravessei para Valença, comprei outro pneu e pedal na estrada. Pedalei forte até Nazaré das Farinhas. Odeio bombinhas e o povo lá tava muito alvoroçado pro meu gosto, por isso voltei pro pedal e resolvi encarar os 40Km até a Ilha de Itaparica. Resultado, cheguei lá quase as 20:00h e pedalei as ultimas duas horas no escuro. Apesar de eu estar bem preparado, com todas as luzes em cima, é sempre um grande perigo. Armei a barraca atrás de um mangue, pois ventava muito e desmaiei de sono. Acordei pra ver Salvador! Cruzei da Ilha de Itaparica para Salvador de lancha que peguei em Mar Grande. É um passeio maravilhoso! Cheguei em Salvador em clima de festa, no último dia do São João e os baianos comemoram muito tudo, como todos sabemos bem.