Projeto Pantanal vai à Praia: Natal (RN) a Canoa Quebrada (CE)

O Rio Grande do Norte foi o Estado onde observamos a maior diversidade de paisagem. Próximo a Natal ainda víamos um pouco de Mata Atlântica, e à medida que virávamos a "esquina" do Brasil em direção a cidade de Touros (RN), esta vegetação deu espaço a formações mais áridas e aos primeiros carnaubais. Quanto mais seguimos rumo ao Ceará, mais o sertão se aproxima do mar, dando um aspecto muito interessante às paisagens, dominadas por altas dunas, extensas falésias coloridas e "mares" de cactos.

 

 

Genipabu foi nosso primeiro ponto de parada logo após Natal. Muitas dunas, águas calmas e dromedários ...epa! Sim, estes animais de uma corcova (quem tem duas é o camelo!) são usados aqui para passear; pena que precisem utilizar focinheiras para evitar que comam o lixo deixado nas dunas pelos turistas e moradores menos educadinhos...

Também dá pra andar de buggy (aqui chamados de bugres) ou como foi nossa opção: de SKIBUNDA !!

Tanto quanto a paisagem, nossas atividades dessa vez eram bem diversificadas. Mergulhamos em Maracajaú e de lá, partimos para um lugar muito bonito, conhecido como Barra do Punaú, onde acampamos às margens do rio de mesmo nome. Águas cristalinas e caminhadas nas dunas sob a lua cheia. Bucólico. Até começar uma chuva que inundou a barraca do Marquinhos e levou embora o chinelo do Guto... A partir deste ponto, o asfalto ficou para trás e agora todos os caminhos são de "piçarro" (estrada de terra), o que nos levou a diminuir as distâncias percorridas por dia, pois o cansaço era muito maior. O primeiro destino rumo Oeste foi São José de Touros. Fomos ao circo, à nossa única festa de São João (que é comemorada com fogueiras na frente de todas as casas) e a um forró "arretado" na praia. Nos chamou a atenção a forte presença de entidades ecológicas ativas neste trecho, como no caso de Caiçara do Norte e São Bento do Norte, onde num trabalho conjunto com as prefeituras, estão buscando desenvolver turismo de maneira sustentável.

O SAL
Quando comemos um churrasco, nem imaginamos de onde vem e como é produzido o sal. Ao cruzarmos de barco o rio entre Galinhos (RN) e Guamaré (RN), vimos uma montanha branca que parecia gelo (!?!). Na verdade era apenas uma das inúmeras salinas da região conhecida como "Costa do Sal", onde é produzido praticamente todo o sal consumido no Brasil e exportado para vários países. Passear numa salina significa ver extensas áreas de água salgada em decantação, de onde o sal, após sete meses, é extraído e armazenado em montanhas de até 20 metros de altura para então ser refinado, iodado e embalado para distribuição.

 

A paisagem é fascinante, porém inóspita. O sal é fundamental à nossa saúde e, infelizmente, para sua produção foram retiradas extensas áreas de mangue. A região por onde passamos é propícia para essa atividade devido a suas planícies próximas ao mar, muito sol, vento forte e pouca chuva o ano todo. Assim como no Espírito Santo quando nos perdemos no meio de um eucaliptal, desta vez tivemos problemas nos labirintos das salinas. Rodamos por vários quilômetros com o sal devorando as bicicletas e as câmeras fotográficas...

Destaques:

  • a impregnação do sal em tudo: basta tocar as paredes e levar o dedo à boca para sentir a salinidade que destrói paredes, carros, etc.
  • ventos fortes vindos do leste, que ajudavam muito no pedal mas atrapalhavam bastante as exposições do "Varal do Pantanal".
  • muitos pneus furados!!! Só no "cambão" (bicicleta velha, na gíria local) do Marquinhos foram mais de doze!!
  • duas manifestações poéticas que encontramos na viagem: Manoel Cardoso, cordelista de Caiçara do Norte, 72 anos -
"...Meu Brasil jangadeiro Do pescador bravo e forte Que aqui nas praias do norte Saem um barco veleiro Pra ganhar algum dinheiro Enfrentando a viração Vivem sujeito a um cação Ou um tubarão dorminhoco Neste Brasil de cabôco De mãe preta e pai João..."
  • Iruvane Galvão de Miranda, a Vanda, de Guamaré, 41 anos -
"...Minha riqueza É o meu chão Tão salgado E tão amado É o vento da tarde Trazendo o cheiro do mar E a alegria No olhar dos pescadores É a minha gente De pele morena E cheia de fé Que me inspira A lutar por um sonho, Um ideal de vida..."

A paisagem mais marcante do Ceará é a variedade nas cores e formas das falésias. Delas são extraídas as areias coloridas usadas para fazer aquelas garrafas com desenhos, típicas do artesanato local. Também se destaca o trabalho artesanal das rendeiras de "bilro", que fazem lindas peças por aqui.

Acampamos na praia do Retirinho, para curtir nosso primeiro (leiam bem!) dia de descanso verdadeiro, encerrado com uma bela vitória do Brasil sobre a Argentina, assistida na casa de um pescador local.


 

Projeto Pantanal vai à Praia: Vitória(ES) a Itaúnas(ES)
Projeto Pantanal vai à Praia: Itaúnas (ES) a Arraial d'Ajuda (BA)
Projeto Pantanal vai à Praia: Arraial d'Ajuda (BA) até Ilheús (BA)
Projeto Pantanal vai à Praia: Ilheús (BA) a Praia do Forte (BA)
Projeto Pantanal vai à Praia: Praia do Forte (BA) a Maceió (AL)
Projeto Pantanal vai à Praia: Maceió (AL) a Recife (PE)
Projeto Pantanal vai à Praia: Recife (PE) a Natal (RN)
Projeto Pantanal vai à Praia: Natal (RN) a Canoa Quebrada (CE)
Projeto Pantanal vai à Praia: Canoa Quebrada (CE) a Fortaleza (CE)
Projeto Pantanal vai à Praia: Fortaleza(CE) a Ilha do Cajú(MA)
Projeto Pantanal vai à Praia: Ilha do Cajú(MA) a São Luís (MA)