Terra Ronca - Chapada dos Veadeiros: Cavernas e chapadas no sertão de Goiás

Terra Ronca - Chapada dos Veadeiros Cavernas e chapadas no sertão de Goiás

 

Eu já conhecia a região de Terra Ronca e, como acontece com todos que já estão viciados em cicloturismo, tinha muita vontade de voltar lá, só que de bicicleta. Um incentivo a mais para decidirmos pela viagem foram as dicas que recebemos de amigos espeleólogos, que haviam voltado há pouco tempo das cavernas da região. Disseram ser possível sair de Terra Ronca e chegar ao Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros quase que exclusivamente por estradas de terra. Bastou para que decidíssemos viajar por lá em nossas férias que se aproximavam. Ao todo foram 25 dias e 700km pedalados. Aqui vai um relato da viagem e algumas dicas para quem quiser se aventurar também por este percurso.

 Chegada a Terra Ronca

 

Pedalando no Sertão de Goiás “Navegar num sertão sem rumo, sem termo, amanhecendo cada manhã num pouso diferente, sem juízo de raiz...Não se tem onde se acostumar os olhos. Toda a firmeza se dissolve. Desde o raiar da aurora o sertão tonteia” Guimarães Rosa - Grande Sertão Veredas Fomos de ônibus de São Paulo a Posse (GO), de onde pegamos o caminho para o PETER (Parque Estadual Terra Ronca). Logo no início tomamos contato com a bela paisagem de veredas e buritis, e também com o sol quente da região. A primeira noite de viagem já mostrou como a bicicleta facilita o contato com as pessoas. Assim que acabamos de chegar na cidade de Guarani, fomos abordados por estudantes de turismo, que estavam fazendo uma pesquisa para faculdade. Eles prontamente conseguiram acomodação para nós e também nos forneceram boas dicas do caminho e mapas.

 Povo acolhedor e prestativo

Descobrimos que os goianos são muito acolhedores e prestativos, além de sempre dispostos a um dedinho de prosa: - Nossa! Pensei que eram motos! - E nós: - Não! Bicicletas mesmo. - E não cansa? - É, cansa sim. Mas depois é só descansar... No final do dia seguinte, já estava totalmente escuro e continuávamos a pedalar com a pequena luz dos faróis. Tínhamos perdido (ou seria ganho?) tempo demais durante o dia, distraídos entre cachoeiras e fotos. Faltavam somente dez quilômetros para nosso destino planejado, a Caverna de Terra Ronca, então resolvemos persistir. A estrada de terra era péssima, com muitas pedras soltas. Somente após um tombo devido à escuridão, felizmente sem grandes conseqüências nem para mim nem para a bicicleta, percebemos que já havia passado da hora de parar.

 

Mas não havia casa, nem nada por ali. Para complicar todas as fazendas tinham cerca, dos dois lados da estrada. Não estávamos muito a fim de invadir propriedade alheia, com risco de arranjar confusão logo no primeiro dia da viagem. Assim, seguimos mais um ou dois quilômetros empurrando as bicicletas, ladeira acima e noite adentro. Até que surgiu um lugar perfeito: plano, sem cercas e com uma clareira bem grande no meio do cerrado. Estranhamos um pouco a tamanha “área de camping” de presente para nós, mas de tão cansados, nem nos questionamos muito e armamos acampamento. Só depois do amanhecer é que fomos perceber que o local não era tão perfeito assim. Tínhamos como vizinhas as lápides de um cemitério, nada abandonado por sinal, estava com várias covas abertas. Começando deste jeito, dava para perceber que esta viagem ia render boas histórias...

 

Descobrindo Terra Ronca Logo antes de chegar à Caverna tivemos que atravessar um rio, cuja ponte estava quebrada há mais de um ano, causando dificuldades e isolando toda a população que mora do outro lado. O ônibus não podia mais passar. E para chegar de carro, somente se tivesse tração nas quatro rodas, e assim mesmo contando que o rio não estivesse cheio. Com isso, a pouca renda, que vinha do turismo, foi totalmente prejudicada. Foi desesperador ver a situação de tanta gente passando aperto por causa de uma desatenção do governo. Nossos próximos cinco dias de viagem seriam reservados para rodar pelo Parque, praticando uma nova modalidade que apelidamos de “espeleo-eco-cicloturismo”. Estabelecemos uma base, acampados na pousada do guia Osmar, poucos quilômetros depois da Caverna Terra Ronca. Pedalávamos agora com as bicicletas sem carga, cerca de vinte a quarenta quilômetros, para ir e voltar das cavernas. Foram dias intensos, tudo na região é grandioso, assim como foi grande nosso prazer de estar ali. As cavernas possuem salões enormes, com formações espeleológicas gigantescas e raras.

 

O PETER possui a maior concentração de cavernas grandes do Brasil, mas assim como outros parques, sofre com a falta de estrutura e de funcionários, e ainda luta com a situação fundiária, uma vez que os proprietários de terras não foram indenizados pela criação do parque. A Caverna de Terra Ronca, a mais famosa e a que dá nome ao parque, é realmente impressionante. Não é tão urbanizada quanto tínhamos ouvido falar. Algumas pontes, corrimãos de madeira e um altar discreto alteram um pouco a boca da caverna (uma intervenção pequena em comparação com a caverna do Diabo no estado de São Paulo, com seus corrimãos de ferro e passarelas de concreto).

Do lado de fora da caverna, alguns postes de iluminação destoam também da natureza local. Na época da festa da santa padroeira, no início de agosto, a área deve ficar bastante insuportável, com os mil e quinhentos turistas e religiosos que a visitam.

Para conhecer o interior da caverna com calma, reservamos um dia inteiro. Alternando trechos de escuridão total, com outros de luz, caminhamos quase todo o tempo por dentro do rio. O esforço

físico é grande, foram oito horas no total, mas o grau de dificuldade não é tão alto.

A segunda caverna que visitamos foi a de São Bernardo, distante cerca de 10km a partir de Terra Ronca, voltando em direção à cidade de Guarani. Nosso grupo agora parecia o exército de Branca Leone: duas bicicletas, nosso guia num burrico uma outra ecoturista numa égua. Logo apelidada de Genoveva, está égua

 

deu trabalho e acabou empinando.

 

Assim, o guia continuou o caminho a pé, a turista no burrico e nós nas bicicletas. Bicho mais manso o nosso...

Deixando a estrada, uma pequena trilha nos levaria até a entrada da caverna, mas a entrada estava com a porteira fechada com cadeado.

Estávamos com autorização para entrar, mas o dono do local esqueceu o cadeado trancado. Assim, os cavalos ficaram ali e nós passamos as bicicletas por cima da porteira e seguimos pedalando os últimos quilômetros. Mais um ponto para as bicicletas!

Chegando à caverna fomos recepcionados pelas barulhentas araras vermelhas. Agora entendo a expressão ficar uma “arara”. Na boca da caverna o guia nos mostrou um arranjo de pedras que seria, segundo contam os mais antigos, o fogão dos “revoltosos”, grupo da coluna Prestes que teria passado por lá. Dentro da caverna, em três horas de percurso, mais uma vez dentro d’água, fomos levados até o belíssimo encontro dos rios subterrâneos, passando antes por enormes travertinos (represas formadas pelo depósito de calcário) e chão de estrelas (cristais de calcita que b

 

rilham com a luz da lanterna). À noite desabou um temporal e ficamos longas horas na casa do Osmar, que soltou a voz e o repertório de cantorias. Sua esposa preparou fruta pão refogada e uma deliciosa tapioca com requeijão típico de Goiás. São momentos preciosos de uma viagem.

 

No dia seguinte, fomos até a Caverna Angélica, cerca de 25km pela estrada que vai para a cidade de São Domingos, mais ao norte. Para não ficar muito puxado o dia, resolvemos ir de ônibus e voltar de bicicleta. Valeu a viagem! Que cenas! Foi uma das situações mais hilárias que já vimos. O ônibus na verdade era um motorhome, onde morava um casal com duas crianças.

 

Na falta de transporte público, por causa da ponte quebrada, eles improvisaram um modo de levar a população e ganhar algum dinheiro. Eram os “ípis” conforme nos explicaram os passageiros. Logo nos acomodamos nos bancos de madeira e o ônibus foi enchendo, não só de gente, mas de sacos de mantimentos, caixas e mais caixas.

O incrível era o bom humor de todos, mesmo naquela situação difícil. Mais adiante subiu uma vendedora, que tentava passar entre tudo isso com uma enorme bacia de bananas. Em algumas casas era necessário parar e esperar pelas pessoas. Numa destas, demorou bastante até que um senhor subiu no ônibus saudando:- Bom dia! Todo mundo gordo e forte? Algumas galinhas, presas em sacos plásticos, eram arrastadas debaixo do banco e das pernas dos outros, conforme o ônibus freava e arrancava, era uma risada só. Ao passarmos por uma ponte estreita e com cara não muito confiável, a comemoração foi geral, com gritos e palmas.

 

Descemos do ônibus e pegamos uma estrada menor, onde pedalamos 4km cercados de paredões incrustados de mandacarus e gameleiras. A boca da Caverna Angélica é de uma beleza impactante, com um rio cristalino formando uma praia de areia branca e uma exuberante mata ciliar. Foram duas horas e meia de percurso no interior da caverna, mas uma vez lá dentro, perdemos totalmente a noção do espaço e do tempo, distraídos observando as cortinas, canudos de refresco e as maravilhosas e delicadas flores de aragonita. Na volta, aproveitamos melhor o visual da serra. A imensa Serra Geral, divisa do estado da Bahia, acompanha permanentemente a estrada, compondo uma visão maravilhosa.

 

Para descansar os olhos, basta pousá-los numa das veredas que antecedem a serra, uma planície verde e florida, interrompida por palmeiras de buriti. A última caverna que conhecemos foi a São Mateus, no dia seguinte. Foram cerca de 9km pela estrada principal e mais 5 por uma precária estrada “boiadeira”. Um pouco por teimosia e um pouco para economizar o dinheiro do aluguel de cavalos, tínhamos garantido para nosso guia, que iríamos de bicicleta, e que nós o seguiríamos em qualquer lugar.

Afinal, onde passa um cavalo, passa uma bicicleta. Não foi bem assim, é claro. As estradas boiadeiras são estradinhas estreitas quase como uma trilha, utilizadas para levar o gado de uma fazenda para outra, com muita pedra, areão e mato fechado.

 

Lá ia ele na frente a cavalo, e nós atrás de bicicleta, tentando acompanhá-lo, às vezes pelo meio do pasto ou atravessando brejos. Como dizem na região: Valei-me meu pai! Rapadura é doce mas não é mole não! No caminho passamos ainda por um sítio arqueológico com pinturas rupestres. Nosso guia disse que um pessoal da universidade já tinha comprovado que eram mesmo pinturas arqueológicas, mas ele desconfiado, resolveu tirar a prova. Foi até o senhor mais velho da região, que confirmou a ele que brincava por ali quando era criança e já estavam lá os tais desenhos. Bom, se já existiam desde essa época, então só podia ser verdade...

 

Dentro da caverna, andamos até um salão onde as formações são tão delicadas que dá vontade de prender a respiração, por dois motivos, um pela beleza e outra porque o gás carbônico exalado por nós altera a deposição do calcário. Decidimos reservar um dia para descanso, pois já completávamos uma semana de exercício físico intenso. Mas não resistimos e saímos para um passeio pelas veredas. Pagamos pelo erro nos dias seguintes, pois encaramos uma etapa dura da viagem, ainda com cansaço acumulado.

Para conhecer as veredas, pedalamos alguns quilômetros até que o areão dominou a estrada.

 

Então escondemos as bicicletas no cerrado e seguimos a pé, por mais uma hora. Finalmente chegamos próximo às veredas. São áreas planas e com uma fileira de buritis acompanhando os riachos que cruzam os campos de solo encharcado. Parece até um jardim, principalmente em maio, época em que as flores estão abertas. Toda a riqueza de frutos do cerrado e dos buritis atrai um grande número de aves para a região. Aliás, não passamos um dia sequer, durante toda a viagem, sem a companhia das araras, às vezes as Vermelhas outras as Canindé (azuis e amarelas). Passados estes maravilhosos dias em Terra Ronca, foi hora de desarmar acampamento e colocar de novo o pé na estrada, ou melhor, a bota nos pedais.

 

A Caminho da Chapada A travessia entre os dois parques durou 5 dias, foram cerca de 230km por estreitas estradinhas de terra que cortam o sertão. Passamos por cidades bem pequenas sem muita estrutura. Ainda bem que estávamos carregando tudo o que precisávamos. O trecho mais difícil de toda a viagem foi uma estrada praticamente abandonada entre o povoado de Ouro Minas e Teresina de Goiás. Não podíamos reclamar pois foi opção nossa ir por lá. Os moradores bem que tentaram nos convencer a seguir até o asfalto e chegar tranqüilamente a Teresina.

 

Mas acabaram deixando escapar que existia este atalho por terra, que estava muito ruim, porém, com paisagens muito bonitas. Não tivemos muita dúvida, afinal de contas tínhamos saído de casa para isso. Foi bem duro, apesar da baixa quilometragem que realizamos. As subidas eram muito íngremes fazendo com que muitas vezes tivéssemos que saltar e empurrar.

 

Além disso, a estrada era coberta de pedras brancas, que refletiam bastante a luz do sol, ofuscando a vista, mesmo com óculos escuros. Cruzávamos rios várias vezes por dia, o que nos forçava a tirar toda bagagem e atravessar carregando as bicicletas.

 

Mas em compensação todos os rios eram de água cristalina e refrescante. O visual também era incrível, tínhamos a sensação de ser as primeiras pessoas a passarem ali depois de muito tempo. Tudo foi recompensante, sem falar na possibilidade de acampar no meio do cerrado sob o céu estrelado.

 

Numa das noites tivemos a visita de uma onça, que rondou a barraca, rugiu alto nos botando medo e foi se embora no meio cerrado, sem se importar muito conosco. Não chegamos a vê-la, mas é claro que com o aquele rugido assustador pulamos para dentro da barraca e acabamos deixando a comida queimar lá no fogo.

 

De Teresina de Goiás seguimos em direção ao Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, por um caminho não usual: contornando o parque por trás, numa região pouco explorada turisticamente. O caminho em si já foi um atrativo, com paisagens fantásticas e muitas cachoeiras. A cidade de Cavalcante, por exemplo, apesar de abrigar mais da metade da área do parque em seu município, ainda está começando a despontar para o ecoturismo. São mais de 100 cachoeiras que descem das montanhas que circundam a cidade. Segundo os moradores, este círculo de montanhas é o resquício de uma cratera de vulcão.

 

Ver a lua nascer, por trás desse paredão de montanhas foi uma das coisas mais marcantes que já vi. E não é só natureza que tem por ali, a região ainda guarda um enorme tesouro cultural. Vivem lá, mais de 5 mil quilombolas. São os Kalunga, descendentes de escravos que vivem em comunidades, algumas ainda praticamente isoladas.

 

Tiramos um dia para conhecer uma destas. Escolhemos a comunidade Engenho II por estar a menos de 30km da cidade e por já estar organizada para receber turistas. Depois de uma longa e deslumbrante subida de serra, chegamos à comunidade e percebemos que, talvez por esta proximidade com a cidade ela já não era tão autêntica. A arquitetura já tinha sido modificada, com vários telhados de amianto no lugar de palha e os chefes comunitários estavam muito acostumados com o “esquema turístico”. Mas não perdemos a viagem. A poucos quilômetros dali, ainda dentro da comunidade, ficava a cachoeira Sta. Bárbara, com uma água cristalina, de uma rara tonalidade esverdeada. No dia seguinte, equipamos novamente as bicicletas com os alforjes e toda a tralha e partimos então para o final da volta ao parque. Antes de sair também refizemos nosso estoque de comida e água, pois a partir daqui ficaríamos 100km, que decidimos fazer em dois dias, sem passar por nenhuma cidade.

 

Sabíamos pelo mapa que havia uma comunidade mais ou menos no meio desse percurso, mas não sei se pelo nosso cansaço acumulado, pelo sol, ou se porque paramos muitas vezes para apreciar a paisagem, não conseguimos chegar até lá antes do escurecer do primeiro dia. Mas isso não foi problema de forma nenhuma. Escolhemos um belo lugar no meio do cerrado e montamos nossa barraquinha para mais um camping selvagem. Acabamos tendo muita sorte, pois além de um céu coalhado de estrelas, ainda tivemos uma oportunidade rara, de ver o espetáculo de larvas luminescentes bicolores. Cada uma delas tinha duas pequenas luzes, uma verde e outra vermelha.

 

No começo, sem saber direito o que era aquilo, ficamos um bom tempo abismados com aquelas centenas de pontinhos luminosos se movendo no chão. As lanternas ficaram o tempo todo desligadas, não podíamos perder nenhum segundo desse show. Olhávamos para cima, as estrelas, olhávamos para baixo, às larvas luminescentes!!! Show de luzes na noite do cerrado...

 

No dia seguinte, poucos quilômetros depois, passamos por duas comunidades, essas sim conservavam a aparência e a arquitetura antigas dos quilombos. As paredes das casas eram construídas com um tipo de tijolo grande e cru, sem qualquer revestimento. Os telhados eram de palha de buriti, a palmeira mais abundante na região. Fomos muito bem recebidos.

 

Parque Nacional Chapada dos Veadeiros (Foto 16: Jardim de Maytrea) Existem lugares que por sua beleza especial não cabem em fotos, a Chapada dos Veadeiros é um destes. O céu completamente azul, contrastando com as nuvens brancas e as flores roxas e amarelas dos campos do cerrado parecem obra de um pintor impressionista. Aproveitávamos cada instante, pedalando com o vento no rosto e o sol quente nas costas. Conforme fomos nos aproximando de Alto Paraíso, foram ficando para trás o contato mais direto com os caboclos e as conversas desinteressadas nas casinhas na beira da estrada. No vilarejo de São Jorge há central de guias, restaurantes e pousadas, tudo preparado para o turista. Mas no mês de maio estava tudo fechado, por se tratar de baixa temporada... Também em Alto Paraíso, estavam todos os campings fechados (fomos gentilmente levados para casa pelo radialista Paquito, muito obrigado!).

 

Nos passeios dentro do Parque Nacional é obrigatória a presença de um guia (aliás, imposição bastante questionável, pois existem trilhas fáceis e perfeitamente auto-guiáveis). Foi difícil conseguir um guia para nos acompanhar e ainda assim nenhum deles topou trabalhar mais do que meio período (!) Apesar dos avisos de que iríamos nos perder e que os caminhos eram complicados, fizemos com facilidade todos os roteiros que eram fora do parque, de maneira independente. Acordávamos cedo, arrumávamos as “mulinhas” e caímos na estrada. (Foto 20: Vale da Lua) Conhecemos apenas uma amostra da Chapada dos Veadeiros, pois seria necessário mais tempo para visitar tudo. Alguns lugares que conhecemos, como o Vale da Lua, Sertão Zen, Cachoeira Raizama e Almécegas, por si só já seriam suficientes para valer a pena uma viagem até lá, ainda mais assim tão concentrados numa só região. (Foto 21: Sertão Zen) As lembranças que temos desta viagem são tão fortes que pareceu bem mais tempo que os 25 dias que passamos na região. De bicicleta é assim, anda-se pouco, mas conhece-se muito, muito mais.

 

 

Dicas - De SP para Posse, onde começa o roteiro, de ônibus (Viação Entram) - esteja preparado para pagar o excesso de bagagem, a empresa cobrou 1/3 do preço da passagem para cada bicicleta. - No Parque Terra Ronca os melhores pontos para acampar ou hospedar-se em pousadas são próximo à Caverna de Terra Ronca, na Pousada do Osmar; e próximo à Caverna de São Mateus, na Pousada São Mateus. - É imprescindível a contratação de um guia para conhecer as cavernas, jamais se aventure sozinho por elas. Ramiro e Osmar, são os guias mais experientes da região. É possível alugar o equipamento com eles, como capacetes e carbureteiras. Mas leve sua lanterna e um bom estoque de pilhas extras. - Use uma boa bota, com solado aderente, isso faz muita diferença ao se caminhar pelas cavernas. De preferência, utilize botas de couro, pois há muitas cobras na região. - Alguns locais da região são áreas endêmicas da doença tropical Leishmaniose, um parasita que é transmitido por picada de mosquito (mosquito palha). Proteja-se bem, usando calça, camisa de manga comprida e repelente de insetos, pois ainda não existe vacina para leishimaniose. - A estrutura turística na região ainda é bastante precária, vá preparado e leve tudo que for precisar. - O sol é extremamente forte. A grande incidência de cristais brancos no solo reflete a luz ofuscando a vista e queimando a pele. Por isso é importante o uso constante de óculos escuros anti-UV e protetor solar. - Na época de seca, principalmente de maio a julho, é bom tomar cuidado com carrapatos e micuins, usando sempre calças compridas, pois os repelentes não fazem efeito contra eles. - O vilarejo de São Jorge é o mais bem localizado para quem quer conhecer o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros. Quem vai para São Jorge de ônibus, deve ir para Brasília e de lá tomar o ônibus direto. Verifique os horários em que o ônibus possui bagageiro grande para colocar as bicicletas. - Para contratar um guia para entrar no parque, procure se juntar a um grupo pois a diária fica mais barata. Os guias ficam uniformizados e circulam pelas ruas na parte da manhã. - Se você está acostumado a caminhar, e quiser aproveitar melhor o dia saindo cedo, é melhor combinar o horário com o guia no dia anterior. - Procure ir fora da época de verão, pois com as chuvas os rios transbordam facilmente e vários passeios ficam interditados. Além disso, se puder evite as temporadas e feriados, por causa do grande fluxo de turistas, devido à proximidade com Brasília. - outras dicas de como preparar sua viagem de bicicleta: www.clubedecicloturismo.com.br Esta viagem teve o apoio das botas Butcher (www.butcher.com.br) Agradecimento Especial a Instan Color, que fez um excelente trabalho de revelação e ampliação.

 

 

Eliana e Rodrigo são cicloturistas e realizam viagens de bicicleta no Brasil e no exterior, sempre buscando locais de alto interesse ecológico ou cultural. No início de 2001 criaram o Clube de Cicloturismo do Brasil com o objetivo de divulgar e incentivar esta prática. Atualmente, além de continuar viajando, Eliana e Rodrigo fundaram a Arara Una onde fabricam alforjes e equipamentos para cicloturismo. www.ararauna.esp.br

Viagens

 

 

- Nossa! Pensei que eram motos!

Montando a barraca no Salar de Coipasa

Algumas dificuldades

Boca da Caverna Terra Ronca

Ultrapassando limites!

Imensas estalactites

Formação de Chão de Estrelas

Nosso transporte dentro do parque

Mas na volta optamos pelas bicis

Flores de Aragonita na Angélica

A estrada que corta o parque Terra Ronca

"Letreiros" - pinturas rupestres esquecidas

Formações incrivelmente delicadas

Veredas são marcas registradas da região

Parada num bar para um pequeno descanso

Estrada alternativa quase abandonada

Diversas travessias de rios

Pedras brancas que refletem o solCachoeira de águas verdesContorno do Parque Chapada dos VeadeirosNoite escura no cerradoQueda de 120m dentro do ParqueAs trilhas são bem demarcadas

 

Cachoeira no cânion Vale da Lua
Cristais forram o chão Queda fora do parque