Principais dúvidas sobre cicloturismo


  • Cada um faz o seu ritmo na pedalada
  • A bike não precisa estar pesada de mais. Você pode optar por dormir em pousadas e hotéis e comer em bares e restaurantes

Texto e Fotos: Fabio Ozório

O cicloturismo, assim como algumas outras atividades, sofre com a existência de alguns mitos, e isto acaba limitando o seu número de praticantes. Nesta coluna tentarei esclarecer algumas questões e mostrar que você pode ser um cicloturista também.

  • Preciso ser um atleta para pedalar durante dias seguidos na estrada com a bike pesada?
    De forma alguma, primeiro a bike não precisa ficar tão pesada assim; segundo,o ritmo quem dita é você. Há quem pedale 30 km/dia, e quem chegue a fazer mais de 150 km. Em geral a média fica entre 50 e 60 km. O ritmo deve se tranqüilo para que se possa aproveitar os locais, as pessoas, tirar fotos, curtir muito.
  • O equipamento de cicloturismo é caro?
    É possível viajar com equipamento muito barato, boa parte você já possui. Claro que conforme as viagens vão ficando maiores e mais complexas o equipamento vai acompanhando esta evolução.
  • É perigoso viajar de bike?
    Sem dúvida é mais seguro do que pedalar no trânsito das cidades. Para quem usa grandes rodovias, a necessidade de atenção aumenta. Recomendo vias secundárias, invariavelmente mais bonitas e seguras. Quanto a roubos, são raras as histórias, fique atento (principalmente quem está sozinho) mas sem paranóias.
  • É preciso ser muito descompromissado com família e carreira para sair por aí viajando de bike?
    Cicloturismo compreende desde um belo roteiro de um dia no entorno de sua cidade, até uma volta ao mundo. Portanto não é preciso sair de férias ou deixar o emprego, família e tudo mais para trás e cair na estrada. O importante é se planejar e aproveitar bem os fins de semana e feriados prolongados.
  • Sai muito caro uma viagem de bike?
    Existem muitas formas de se viajar pedalando, mais caras ou baratas. Se você quer viajar leve, ou seja, sem barraca e com pouca comida, ficando em hotéis ou pousadas e comendo em restaurantes, sai mais caro. Agora se vai acampar a maior parte do tempo e fazer suas próprias refeições, a viagem vai ser muito barata. A receptividade ao cicloturista é, em geral, ótima. Não raro vão lhe oferecer pouso e refeições.
  • As dificuldades não acabam tirando parte do prazer da viagem?
    Sem dúvida problemas existem, mas o desafio e a superação fazem parte do prazer. O cicloturismo é um estado de espírito, boa parte das dificuldades se tornam importantes aprendizados. Saber um pouco de mecânica de bike, aproveitar um dia de chuva para curtir a cidade onde está, encarar um trecho de vento contra o rosto, são circunstâncias normais. Lembre-se depois de uma longa subida sempre vem uma vista inesquecível!
  • Minha (meu) namorada(o) nunca faria uma viagem destas comigo, nem me deixaria fazer sozinho(a)...
    Primeiro convença-a(o) como pode ser prazeroso fazer um roteiro de bike (juntinhos então melhor ainda), e que esses medos são infundados. Se mesmo assim ela(e) não se convencer, faça uma pequena viagem de fim-de-semana e volte com várias fotos e histórias para contar, tenho certeza que vai ajudar muito.

    Comecei no cicloturismo em 1997 com uma viagem curta descendo de Curitiba até Paranaguá pela Serra da Graciosa. Foram três dias e 150 km aproximadamente, com pouquíssimo equipamento. Fui adquirindo aos poucos o que precisava e começando a fazer viagens mais completas.

    Tenho a mesma bike até hoje, sempre revisada e bem cuidada. Faço em média uma viagem maior por ano e outras pequenas em fins de semana e feriados. Mantenho meu condicionamento pedalando por localidades no entorno de São Paulo como a Serra do Mar, Paranapiacaba, Serra da Cantareira e correndo três vezes por semana.

    O importante é entender que o cicloturismo não é uma competição, só há uma regra para praticá-lo: ter prazer. Além de tudo poucas atividades possibilitam a mesma interação com a natureza, as comunidades locais e com esportes como trekking, escalada, mountain bike, entre outros.

  • Iniciar pedalando com alguém mais experiente pode ser uma boa opção. Crédito: Fábio Ozório

1) Roteiro, atenção
Atenção à época do ano (muita chuva ou frio, por exemplo) e diferenças de altitude (principalmente em regiões serranas). Inicialmente faça uma viagem curta em local tranqüilo, mas não muito isolado. Encontre as estradas mais interessantes e locais para paradas durante o trajeto e ao fim do dia.

2) Equipamento, elimine peso
Leve roupa e comida na medida correta, temos sempre o impulso de carregar mais do que precisamos. Na internet existem várias listas com os itens para uma viagem, pesquise. Bagageiro, mochila (o ideal são os alforjes), kit de primeiros socorros, barraca (e saco de dormir), ferramentas e peças de reposição são o principal. Dê especial atenção para itens de segurança e conforto como capacete, luvas, protetor solar, entre outros.

3) Bike em dia
As bicicletas do tipo mountain bike são as mais adequadas para o cicloturismo. Basta uma boa bike (leia-se simples e resistente, sem freios a disco ou quadro de carbono). Faça uma revisão no câmbio, cabos, pneus, sapatas de freio antes de partir.

4) Surpresas sim, mas só as boas
O planejamento é muito importante para evitar surpresas desagradáveis. Informação não ocupa espaço e não pesa na hora de pedalar.

5) Sempre bom lembrar...
Nunca leve mochila nas costas, o peso deve sempre estar no bagageiro (suas costas vão agradecer, e o centro de gravidade mais baixo vai lhe dar mais agilidade). Iniciar pedalando com alguém mais experiente pode ser uma boa opção. Existem vários grupos nas grandes cidades. Deixe uma ou mais pessoas sabendo onde estará a cada dia.

Outras questões mereceriam ser esclarecidas e simplificadas, fica para uma próxima coluna. Escreva um e-mail e mande suas perguntas pra gente! Boas pedaladas!

* Fábio Ozório: Publicitário, iniciou no cicloturismo em 1997. Fez viagens de Curitiba a Florianópolis via Litoral, Cunha à Paraty passando pelo Parque Estadual da Serra do Mar. Em 2001 realizou o projeto "Lagamar, pedalando à beira-mar" atravessando os litorais paulista e paranaense. Além de inúmeras viagens pelo trecho paulista da Serra do Mar e interior do estado, estrada velha de Santos, Rio-Santos entre outras.